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1º de Maio e as ruas sem rumo

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As origens

Das manifestações operárias de Chicago em 1886, o 1.º de Maio elevou-se como símbolo global de luta contra a exploração capitalista.

Contudo, nas últimas décadas, e de mãos dadas com a desorganização do movimento comunista, assistimos a jornadas massivas pelas ruas que, apesar de expressivas em números, fracassam em traduzir-se em avanços reais na condição do trabalhador. Recordamos as origens históricas do Dia Internacional do Trabalhador, criticando a sua atual forma, de maneira a reivindicar o 1.º de Maio como data capaz de reanimar a nossa intervenção de classe.

No dia 1 de Maio de 1886, dezenas de milhares de operários em Chicago paralisaram fábricas exigindo “oito horas de trabalho, oito horas de descanso, oito horas de lazer”. A violenta repressão na praça Haymarket e as posteriores execuções de militantes anarquistas e socialistas marcaram o preço pago pelo movimento.

No Congresso de Paris (1889), a Internacional Socialista decretou o 1.º de Maio como Dia Internacional dos Trabalhadores, consolidando um laço solidário entre operários do mundo inteiro.

Logo após a Revolução de Outubro, o Sovnarkom bolchevique decretou, em novembro de 1917, a jornada de oito horas. Em 1922, o Código do Trabalho soviético instituiu férias remuneradas e descanso semanal duplo – inovações pioneiras inspiradas no ideal socialista e exportadas a movimentos operários em todo o mundo.

O 1º de Maio hoje

Apesar de reuniões multitudinárias e palavras de ordem inflamadas, as últimas edições do 1.º de Maio têm-se perdido em espetáculos rituais: slogans vazios e ausência de uma pauta combativa e revolucionária.

Palavras de ordem como “Por um trabalho digno” ou “Menos exploração, mais direitos” são um reflexo de como o movimento da classe trabalhadora está totalmente vendido a ideias reformistas e longe de uma perspetiva revolucionária. Prefere-se negociar com a classe dominante a aspirar tomar o poder para o proletariado. O impacto significativo do P'C'P no movimento sindical realça que este partido de comunista tem apenas o nome.

A falta de uma manifestação movida pelos interesses de classe tem consequências devastadoras na mobilização chave do proletariado para greves, protestos, ocupas, assembleias de trabalhadores e outras iniciativas de base. A passividade destas grandes mobilizações dos sindicatos e partidos reformistas só reforça a ideia de que a celebração desta data não passa de puro performismo.

Segmentos diversos (jovens ativistas, sindicatos oficiais, movimentos sociais) convergem no desfile, mas divergem em tática e horizonte político, resultando em um mosaico sem coesão estratégica, consequência direta daquilo que é o vazio deixado pela falta de um campo revolucionário, de caráter comunista, no movimento sindical.

Por um 1º de Maio de classe!

Reivindicar o caráter comunista do 1.º de Maio não é discurso de retórica, mas um convite a recuperar o legado de transformação social radical. O Dia do Trabalhador deve lembrar não apenas as lutas históricas, mas a necessidade de organizar o proletariado em direção ao poder político.

Esta data tem que voltar a significar um momento combativo e reivindicatório do proletariado no caminho ao fim da exploração do homem pelo homem. Não pode continuar a ser um mero desfile celebratório, entregue às mãos dos burocratas do sindicalismo reformista, que encurrala a classe trabalhadora num beco sem saída.

Enquanto correntes social-democratas e reformistas tratam o 1.º de Maio como um momento de pressão pontual, propomos um conteúdo classista e revolucionário que faça do dia um ponto de partida para a construção de Conselhos Operários, greves de setores estratégicos e solidariedade internacional concreta.

O 1.º de Maio não pode ficar reduzido a um dia de espetáculo: é a data da nossa memória revolucionária e deve ser trampolim para novas batalhas de classe. Que a consigna “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!” recupere o sentido estratégico que lhe deu origem, conduzindo-nos de volta às raízes comunistas da data. É pela organização independente, pela democracia operária e pela solidariedade internacional que transformaremos o protesto de hoje nas vitórias de amanhã.

Nós, o Em Defesa da Revolução, apelamos as trabalhadoras e trabalhadores a tomarem as ruas com pautas firmes, asseverando que o futuro só chegará quando a classe inteira se erguer para derrubar as cadeias da exploração.

VIVA O 1.º DE MAIO REVOLUCIONÁRIO!

VIVA O MOVIMENTO COMUNISTA INTERNACIONAL!

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