Nos últimos tempos o EDR esteve em fase de reflexão interna, devido a alguns incidentes que se foram escalando publicamente em algumas esferas do nosso movimento, e decidimos tornar pública uma autocrítica que é fruto de discussões e ajustes internos. Desde então, todes es noves militantes que entretanto entraram no EDR souberam de toda a situação com a maior transparência e participaram também nas discussões e decisões sobre este tema.
Em primeiro lugar, e é o ponto mais importante, o EDR tem que ter como sua maior prioridade a segurança des sues militantes. Se criticamos grupos políticos de terem lá dentro pessoas abusadoras, sendo essas organizações as primeiras a proteger essas pessoas, nós temos então o dever de dar o exemplo. Mas infelizmente, não foi isso que aconteceu. O coletivo desvalorizou o facto de que uma das pessoas que fundaram o EDR encobriu casos de abuso da parte de outro indivíduo, não integrante do coletivo e, quando o caso veio à tona, a pessoa em causa, sob o preceito de ter realizado uma autocrítica extensa, obteve permissão para reintegrar o coletivo, poucos dias depois de ter saído por sua própria vontade, reintegrando o comité executivo após dois meses e meio.
O julgamento feito nessa altura não foi profundo e foi uma postura de desvalorizar a situação, e desvalorizar também o nosso papel. Foi dado o benefício da dúvida a essa pessoa, e o coletivo nessa altura não teve a consciência que são benefícios da dúvida e meias verdades que dão espaço para a permanência de abusadores nas organizações. A pessoa em causa abandonou entretanto definitivamente o EDR após pressões públicas e esta autocrítica surge apenas depois desse momento, com o coletivo também a ser alvo de ataques.
Quanto a isto, o coletivo admite responsabilidade ter reintegrado o indivíduo e está de plena consciência de que nestes casos, antes de se considerar reintegrar indivíduos que poderão comprometer a segurança des outres militantes, deve conduzir-se com um elevado grau de escrutínio e investigar a situação adequadamente antes de tomar qualquer decisão, tendo como prioridade máxima a segurança des integrantes. Adicionalmente, o Coletivo admite também responsabilidade por não ter tomado a iniciativa de ter posto de parte, indefinitivamente, a pessoa em questão, pelo menos até os fatos estarem todos conhecidos.
Em segundo, e também por influência da presença dessa pessoa no coletivo, os nossos mecanismos de democracia interna foram afetados em raros, mas não desconsideráveis, momentos. Em causa estava o nosso sistema de atas das reuniões internas, que em algumas vezes não refletiam o rumo da reunião nem as ideias nela apresentadas. Isto torna-se grave, já que as atas das reuniões são a ponte de importantes reuniões com os membros que não puderam participar nelas. Já a partir da nossa última reunião foi implementado um sistema de gravação das reuniões para garantir que nenhuma ideia fica de fora das atas.
Em todo este processo em que nos encontramos, está presente também a construção de Estatutos procedida por uma estruturação interna da organização, para que as dinâmicas internas possam fluir da melhor forma possível e evitar qualquer tipo de ação inoportuna.
Através da construção dos estatutos, que prosseguirá com a maior transparência possível perante todos os membros e cujo documento de elaboração se encontrará facilmente acessível, sem exceção, a todes us integrantes do coletivo, visará estruturar definitivamente a organização do coletivo e reforçar a sua segurança interna.
Estamos empenhados em continuar com o nosso rumo, olhando sempre também para nós próprios e reconhecer os nossos erros de forma a podermos corrigi-los.