Comunicado Oficial do EDR Face aos Resultados Eleitorais 2025
Após as eleições legislativas de 2025, eis a situação grave dos partidos tradicionalmente considerados de esquerda em Portugal: Após derrota total do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, face a um resultado abismal (uma perda de 19 deputados e de 5% nos resultados eleitorais), resigna-se da posição de Secretário Geral. O Bloco de Esquerda, totalmente dizimado a apenas uma única deputada, após perder mais de metade dos eleitores, reconhece que tem uma situação difícil pela frente. Rui Tavares, do Livre, vangloria a vitória obtida, de mais dois deputados eleitos no parlamento, mesmo tendo em conta a ascensão astronómica da AD e do Chega, uma conquista fundamentada sob uma pilha de escombros.
A CDU, face a mais outra derrota onde perdeu mais um deputado, perpetuando-se uma tendência de queda livre eleitoral, declara que o resultado obtido foi um de “resistência”. O mero facto de possivelmente manterem-se o mesmo número de deputados na Assembleia da República já é motivo para militantes do PCP desmancharem-se em aplausos.
O PCP confronta-se com uma ameaça existencial, a ascensão da extrema direita e uma democracia burguesa cada vez mais instável e em processo cada vez mais acelerado de decomposição, pois a sua capacidade de gerir a acumulação e reprodução de capital torna-se cada vez mais ténue. Mas há algo que o PCP sempre teve grande dificuldade em enfrentar, mais do que qualquer resultado eleitoral: a autocrítica. Para o PCP, algo mais constrangedor que um resultado eleitoral que demonstra o seu deslize gradual para a irrelevância, é a autocrítica e uma reflexão sobre o seu próprio reformismo e tática ruinosa de tentar ser a ala esquerda de gestão do capital. O pior ainda é quando o Comité Central tenta iludir por completo a sua militância. Não só a falta de autocrítica é consequência disso, mas face a este resultado, que demonstra uma clara falta de confiança no partido por parte dos trabalhadores, este diz aos seus militantes que “primeiro tem que se resistir para depois se avançar”, uma frase completamente vazia que apenas serve para depositar falsas esperanças naqueles que vêm no PCP a verdadeira força da classe trabalhadora.
A democracia burguesa está, desde o início, condenada ao fracasso, e é inadmissível que ditos comunistas sejam o seu maior defensor. Os maiores defensores do seu momento criador, os maiores defensores da constituição, os maiores defensores da polícia, os maiores defensores do sistema "democrático"... Não nos podemos surpreender quando os que mais defendem este sistema saiam prejudicados e descartados. Está na altura da construção de um partido verdadeiramente de classe e que defenda o seu principal interesse: a abolição do atual estado de coisas rumo ao comunismo, só assim será feita a sua libertação. Enquanto continuarem a antagonizar quem defende esta luta, só se demonstrarão inimigos de classe, com o perigo acrescido de estarem vestidos de vermelho, iludindo por completo o proletariado.
Aqui está o nosso apelo, face às eleições: Que o resultado destas não te desmoralize nem te leve ao desespero, mas sim, que leve à ação e à construção de uma alternativa verdadeiramente libertadora e revolucionária, o comunismo. Junta-te a nós, e construamos em conjunto essa alternativa, a única capaz de erradicar a ameaça da extrema direita e a única que permite a defesa do proletariado e as pessoas mais vulneráveis da sociedade.