Mais umas eleições se passaram, tendo como resultado uma esquerda institucional ainda mais fraca. O P“C”P (única força autárquica relevante à esquerda) passa de 19 Câmaras Municipais para 12, seguindo assim a tendência descendente iniciada em 1982. Um esforço enorme carregado pela militância do Partido cria uma enorme expectativa que rapidamente se transforma em desilusão. Todas as forças que foram apontadas para a campanha, deixando de lado uma importantíssima luta pela Palestina, traduzem-se em resultados fracos. As pequenas vitórias são celebradas pela coligação, mas quanto às incontornáveis derrotas, é verificada a já habitual falta de responsabilização e a culpabilização externa, transmitindo para a militância a ilusão de que se vive num momento de resistência e que a vitória futura é possível. O resultado negativo é admitido, mas o discurso não passa dessa barreira. A pergunta que se coloca é a seguinte: até quando dura essa resistência?
Essa pergunta não tem resposta, porque toda a situação é colocada de um prisma pequeno burguês que ignora todo o modo capitalista de produção e todas as suas dinâmicas inerentes. Enquanto que o P“C”P sobrecarrega o seu vocabulário com moralismos, da honestidade, competência…, o marketing político burguês atropela completamente essas campanhas. Com financiamento e níveis de influência de grau muito elevado, os partidos do poder não têm dificuldade em mantê-lo ou, como se vem verificando na maioria dos casos, a recuperá-lo. As vitórias da CDU que conquistaram o que antes era do PS não passam de exceções que comprovam a regra. A regra é, aliás, um grande processo que começou a 25 de Novembro de 1975 e que se começou a preparar tempos antes.
Com falta de uma atividade mobilizadora e emancipadora, que tente passar a consciência de classe para quem sobrevive somente do seu trabalho, a ausência total da construção de um movimento proletário independente realmente ameaçador para a burguesia, o P“C”P recusa totalmente assumir responsabilidades e realizar qualquer tipo de autocrítica. Ao assumir que se encontra constantemente num papel de resistência, sinaliza à luz do dia que se encontra num papel meramente reativo e sem qualquer controlo no campo político, face à deriva do governo cada vez mais à direita. Continua a seguir com uma estratégia completamente vazia e desgastante de “bater sempre na mesma tecla”, com uma fé metafísica de que um dia os resultados apareçam a seu favor. Não só desgastante para o eleitorado como também para a militância, que apenas se sustenta com palavras de incentivo, comícios festivos e manifestações de rua. O cenário do abandono da luta de classes é cada vez mais claro.
A alternativa revolucionária tem que ser construída. A classe trabalhadora tem que se libertar das amarras do oportunismo e do reformismo e reconstruir o partido onde organizada poderá finalmente lutar pela sua emancipação.
Pela reorganização do movimento comunista!
Pela reconstrução do Partido Comunista!